O Movimento Jesus (Jesus Movement ou Jesus People Movement) começou  no ano de 1967 em Califórnia – EUA, e continuou até aproximadamente  1973.  O movimento foi um avivamento focalizado principalmente nos  adolescentes e jovens da "contra cultura" Norte-Americana que surgiu no  fim da década de 1960. 
 A década de 60, e principalmente os anos de 1967 a  1969, foram anos de grandes mudanças sociais, nos Estados Unidos e no  mundo. Numa matéria sobre o ano de 1968, lemos na Revista Época1: 
 Quarenta anos depois, 68  continua enigmático, estranho e ambíguo como um adolescente em crise  existencial. Ele foi o ano da livre experimentação de drogas. Das  garotas de minissaia. Do sexo sem culpa. Da pílula anticoncepcional. Do  psicodelismo. Do movimento feminista. Da defesa dos direitos dos  homossexuais. Do assassinato de Martin Luther King. Dos protestos contra  a Guerra do Vietnã. Da revolta dos estudantes em Paris. Da Primavera de  Praga. Da radicalização da luta estudantil e do recrudescimento da  ditadura no Brasil Da tropicália do cinema marginal brasileiro, Foi, em  suma, o ano do "êxtase da Historia", para citar uma frase do sociólogo  francês Edgar Morin, um dos pensadores mais importantes do século XX.  Foi um ano que, por seus excessos, marcou a humanidade...  
Mas essa época marcou, também, o início de um  avivamento significante, que até hoje influencia o Cristianismo. Como  podemos ver na história dos avivamentos, tempos de transtornos sociais  são oportunidades para verdadeiros despertamentos espirituais, e a  década dos anos de 60 não foi nenhuma exceção a essa regra. 
 No seu livro "The Jesus People Moviment"2, David Di Sabatino explica os origens do movimento: 
 Embora o descontentamento  social estava crescendo desde a morte de Presidente John F. Kennedy em  1963, foi em 1967 que a América do Norte começou a desmoronar.  Sentimentos contra a guerra continuaram a crescer nos Estados Unidos com  400.000 manifestantes em Nova Iorque mostrando o seu desprezo marchando  do Parque Central ao edifício das Nações Unidos. Manifestações contra o  serviço militar obrigatório refletiram a dissensão difundida. Um estudo  sobre drogas indicou que a experimentação com a maconha e LSD tinha  dobrado no ano de 1966 a 1967. Apesar do ano ser anfitrião ao "verão do  amor", 1967 foi a última celebração do movimento hippie antes das drogas  mais pesadas levar as comunidades relativamente calmas para a  violência...   
Até o fim dos anos de 1960 os protestos calmos e  a resistência não violenta tinham sido substituídos por meios mais  voláteis da dissensão social que incluíam levantes raciais,  desobediência civil, a violência e  o assassinato político. Historiador  Charles Kaiser fala que o ano 1968 marcou  "o momento quando todos os  impulsos de uma nação para violência, idealismo, diversidade, e   desordem chegaram ao ponto máximo e produziram a maior possível  esperança - e o pior desespero imaginável..."   
 Desafeiçoados e crescentemente alienados pelos  desdobramentos na sociedade, muitos começaram a buscar assuntos  religiosos mais profundos. No meio deste caos social,  grupos  evangelísticos  informaram grandes sucessos em conversões e  recrutamento. Atividades de ativistas estudantis desiludidos, hippies,  ex-viciados, e adolescentes Cristãos que buscaram colocar a sua fé em  ação foram todos levados por uma onda de entusiasmo, crendo que o  Espírito de Deus tinha os reunido. Aqueles que participaram em  evangelismo durante este tempo testemunharam que multidões enormes  poderiam ser reunidas tocando um violão na esquina de a rua. Por causa  da tremenda resposta para a mensagem de evangelho, este período marca o  que alguns simpatizantes evangélicos dublaram uma "colheita de almas". 
 Edward Plowman, editor da revista "Christianity  Today",  descreveu o ambiente dentro da Igreja na época no livro "The  Jesus Movement in America":3 
 Nossas igrejas  experimentaram mudanças instáveis. Urbanização, prosperidade,  mobilidade, televisão, e outros fatores já tinham alterado os padrões  tradicionais. As polemicas sócio-políticas dos Anos Sessenta alcançaram  muitos púlpitos, e abaixo-assinados foram distribuídos às portas de  igrejas...   
A condição geral era  um de declínio. Somente os Metodista Unidos (United Methodists)  perderam centenas de milhares de membros, e as estatísticas das outras  denominações principais retrataram tendências desencorajadores  semelhantes. As pessoas citaram muitas razões. Elas estavam enfadados  com a políticas na igreja. Ou elas estavam entediadas com o mesmo ritual  de formas inanimadas repetido semanalmente. Ou elas não estavam obtendo  muita ajuda espiritual dos sermões. Elas disseram que se sentiam nenhum  senso de comunhão genuíno, de membros que se preocupam um com o outro. A  fé não parecia ter muita relevância depois do meio-dia no domingo.  Assim, elas perguntaram se valia a pena? Centenas de  jovens me falaram  que eles foram desanimados pelo desassossego fervendo em volta de feudos  pessoais nas suas igrejas...   
Enquanto isso, um  número crescente de nossos lares estavam desmoronando, e alguns de nós  também. Na capa da Revista Time de 8 de abril, 1966 foi escrito a  pergunta: "Será que Deus está morto?"   
Durante todo o  desassossego, muitos de nós perdemos o contato com nossos jovens. A  imprensa chamou isto da "Racha entre as Gerações." Logo depois da marca  mediana da década, nós descobrimos que uma mudança envolvendo um  segmento considerável dos jovem tornou-se uma revolução completa. Estes  jovens estavam seguindo líderes novos, honrando heróis novos, aderindo a  causas novas, cantando slogans novos, vivendo através de códigos novos,  ingerindo substâncias químicas novas, adorando deuses novos.   
O movimento Jesus começou com "Coffee Houses"  (cafés) que foram utilizados como meios de evangelismo dos hippies, e  comunidades e casas de recuperação de viciados em drogas. O Estado de  Califórnia foi o ponto da maior concentração dos hippies, e  conseqüentemente o berço do movimento, porém este espalhou-se  rapidamente pela América do Norte. 
 Pela maioria dos relatos, o "Jesus People Movement"  (Movimento do Povo de Jesus) começou em 1967 dentro do Distrito  Height-Ashbury de São Francisco. Nesta primeira fase, o conjunto de  pioneiros independentes de hippies evangélicos foi chamado de "cristãos  da rua" e "os evangelistas psicodélicos", só depois sendo chamado os  "Jesus freaks" (Doidos para Jesus) ou o "Jesus People" (Povo de Jesus).  Embora rotulado o "Jesus Movement" (Movimento Jesus) pela revista "Look"  em  fevereiro de 1971, o evento é melhor explicado como sendo um  avivamento Cristão clássico que teve seu impacto mais profundo em vidas  individuais e não na sociedade em geral. 
 Dentro de poucos anos, esse mover do Espírito Santo  literalmente capturou e transformou milhares de jovens e adolescentes,  rebeldes, alienados da sociedade, muitos dos quais eram usuários e  viciados em drogas. As poucas igrejas se abriram as portas paras estes  jovens experimentaram crescimento fenomenal, como no caso da Calvary  Chapel, de Costa Mesa, Califórnia. Em seu livro "Colheita"4, o Pastor Chuck Smith contou o que aconteceu: 
 Estima-se que em um  período de dois anos, em meados dos anos 70, a Calvary Chapel de Costa  Mesa realizou mais de oito mil batismos. Durante esse mesmo período,  colaboramos para a realização de 20 mil conversões à fé cristã. Nossa  taxa de crescimento por década foi calculada por especialistas que  concluíram ser de dez mil por cento. 
Talvez outro fator  ainda mais surpreendente é que no início da Calvary Chapel em Costa  Mesa, em 1965, havia apenas vinte e cinco pessoas no primeiro culto  realizado no domingo de manhã.  
Agora, coloque isso  em perspectiva. Aquela igreja de vinte cinco membros não só estabeleceu  mais de quinhentas igrejas filiais da Calvary Chapel por todo o mundo,  mas também atingiu um grande número de pessoas que a consideram como sua  igreja: mais de trinta e cinco mil! É listada em terceiro lugar com  relação ao número de pessoas que freqüentam os cultos aos domingos  (dentre as dez maiores igrejas dos Estados Unidos); e é a primeira entre  as dez maiores igrejas protestantes da Califórnia. 
 Em junho de 1971 a revista "Time" publicou uma figura de Jesus na capa, com uma matéria sobre o movimento, parte da qual dizia: 
 Há um frescor matinal  neste movimento, uma atmosfera flutuante de esperança e amor unido a um  típico zelo rebelde. Alguns convertidos gostam de traduzir sua nova fé  para a vida diária, como aqueles que atendem o telefone com 'Jesus ama  você' e vez de 'alô'. Mas seu amor parece mais sincero que um slogan,  mais profundo que os sentimentos de uma onda passageira... o que  surpreende quem está de fora é o extraordinário senso de alegria que  eles são capazes de comunicar... 
Parte desta  fascinação por Jesus entre os jovens pode ser simplesmente um culto  tardio da personalidade de um companheiro rebelde, o primeiro mártir da  causa da paz e fraternidade. Não é assim, porém, com a grande maioria do  movimento de Jesus. Se há uma característica, que claramente os  identifica, é sua crença total num Jesus Cristo terrível e sobrenatural,  não apenas um homem maravilhoso que viveu há 2.000 anos, mas um Deus  vivo que é tanto Salvador como Juiz. Suas vidas giram em torno da  necessidade de um intenso relacionamento pessoal com este Jesus, e a  crença de que tal relacionamento deve ser a condição de toda vida  humana. Agem como se a intervenção divina guiasse cada momento de suas  vidas e com a certeza de que pode resolver cada problema... 
A revolução de Jesus  rejeita não somente os valores materiais da América convencional, mas  também a sabedoria dominante da teologia americana... O Cristianismo tem  enfatizado - pelo menos - o tipo pregado nos púlpitos e seminários de  prestígio nas últimas décadas - um Deus presente na natureza e no  movimento social, não o Deus pessoal e transcendental do novo movimento,  que vem para a terra na pessoa de Jesus, na vida de indivíduos,  milagrosamente. A revolução de Jesus, em resumo, nega as virtudes das  Cidade Secular e amontoa desprezo sobre a mensagem de que Deus sempre  esteve morto." 
(citado no livro "A Igreja do Século XX - a história que não foi contada"5 por John Walker) 
Um dos mais famosos dos "pregadores hippies" foi  Lonnie Frisbee, um se converteu aos 17 anos de idade. Poderosamente  ungido, ele foi instrumental em trazer ao mover do Espírito a três  denominações: a Calvary Chapel, a Vineyard e "Jesus People USA".  Tragicamente - e existem versões divergentes sobre os fatos - Lonnie  morreu de AIDS em 1993. 
 Mudanças socais e culturais nos Estados Unidos, e o  desaparecimento da "hippie" contra-culturas, resultaram na assimilação  dos frutos movimento Jesus no cristianismo evangélico. David Di Sabatino  descreveu os efeitos do movimento no livro "The Jesus People Movement": 
 A influência do avivamento  ainda está sendo sentida apesar de ter desvestido muita de sua  aparência contra-cultural. Seus efeitos mais profundos e mais  perceptíveis foram sentidos como um agente da renovação espiritual. Pelo  menos quatro denominações novas - a Calvary Chapel, a Gospel Outreach, a  Hope Chapel e o movimento  Vineyard - traçam sua linhagem ao evento. A  indústria da música cristã contemporânea (Contemporary Christian Music)  comanda agora mais que oito por cento de todas as vendas na America do  Norte, vendendo mais que a música clássica e jazz. Milhares de igrejas  locais foram fundadas ou experimentaram renovação devido ao influxo de  membros. Organizações para-eclesiásticas existentes, como a Cruzada  Estudantil e Profissional para Cristo (Campus Crusade for Christ), Os  Navegadores (The Navigators),  a Mocidade para Cristo (Youth For Christ)  e Jovens Com Uma Missão (Youth With a Mission), para nomear somente  alguns, tiraram proveito do grande número de convertidos espirituais que  foram canalizados em seus programas. A renovação igualmente gerou suas  próprias organizações para-eclesiásticas, tais como Last Days  Ministries, Christ is the Answer Ministries, and the Holy Ghost Repair  Shop... Muitos dos  aderentes de avivamento, alguns dos quais estão  entrando agora em posições de autoridade dentro das organizações das  igrejas, igualmente mencionam suas experiências espirituais formativas  como sendo durante o movimento. A tremenda ênfase contemporânea na  música da adoração e em práticas litúrgicas - emanando de grupos como  Maranatha! Music, Vineyard Music Group, e Integrity Hosanna - traçam  seus impulsos originais ao avivamento.