A importância da oração (Lc 5.15-16)
A  cidade de Worms, na Alemanha, estava apinhada de gente. Pessoas de  todas as partes da Europa se dirigiram para a Assembléia convocada pelo  imperador Carlos V. O motivo da Assembléia eram os escritos de um monge  agostiniano chamado Martinho Lutero. As pessoas estavam interessadas em  conhecer aquele homem que havia se levantado contra os ensinamentos da  igreja católica. Todos conheciam o poder que a igreja católica possuía.  Todos podiam se lembrar de que, anos antes, a igreja havia mandado  queimar João Huss. E todos sabiam que os ensinamentos que levaram João  Huss à fogueira eram os mesmos que estavam sendo defendidos por Martinho  Lutero. Por isso, aquela ida de Lutero à cidade de Worms havia  mobilizado tantas pessoas.
Uma vez na cidade, ?sabendo que tinha de comparecer perante uma das mais  imponentes assembléias de autoridades religiosas e civis de todos os  tempos, Lutero passou a noite anterior em vigília. Prostrado com o rosto  em terra, lutou com Deus, chorando e suplicando. Um dos seus amigos  ouviu-o orar assim: ?Oh! Deus todo-poderoso! A carne é fraca, o diabo é  forte! Ah! Deus meu Deus, que perto de mim estejas contra a razão e a  sabedoria do mundo! Fá-lo, pois somente tu o podes fazer. Não é a minha  causa, mas sim a tua. Que tenho eu com os grandes da terra? É a tua  causa, Senhor, a tua justa e eterna causa. Salva-me, oh! Deus fiel!  Somente em ti confio, oh! Deus! Meu Deus... Vem, estou pronto a dar,  como cordeiro, a minha vida. O mundo não conseguirá prender a minha  consciência, ainda que esteja cheio de demônios, e se o meu corpo tem de  ser destruído, a minha alma te pertence e estará contigo  eternamente...? (BOYER, Orlando. Heróis da fé.CPAD:2002,p.24).
Naquela noite, durante aquela vigília de oração, Lutero venceu a guerra  contra os seus inimigos. Por causa daquela noite em oração, no dia  seguinte, Lutero conseguiu permanecer firme na fé, desmascarando os  enganos que cegavam a igreja do seu tempo. Hoje, se nós podemos  experimentar a nossa liberdade em Cristo, devemos, em grande parte, ao  tempo de oração que Martinho Lutero dedicou a Deus naquele ano de 1521.
A oração é uma das mais importantes práticas da vida cristã. Lutero  venceu a sua mais difícil batalha através da oração. Ele sabia que a  oração era um dos meios que Deus utilizava para transformar as  situações. Por isso mesmo, era comum que Lutero, quando tinha muitas  tarefas para executar num determinado dia, orar uma hora a mais, além do  tempo normal que costumava orar diariamente.
Tal prática de oração, Lutero não aprendeu por si mesmo. Antes, ele a  aprendeu de Jesus. A Bíblia nos mostra que Jesus orava com bastante  freqüência. Apesar das multidões, das tarefas e das pressões das  pessoas, Jesus nunca deixou de dedicar tempo para estar a sós com Deus.  Em Lucas 5.15-16, nós lemos que:
Todavia, as notícias a respeito dele se espalhavam ainda mais, de forma  que multidões vinham para ouvi-lo e para serem curadas de suas doenças.  Mas Jesus retirava-se para lugares solitários e orava.
Jesus considerava a oração uma prática extremamente importante na sua  vida e ministério. Por isso, ele buscava se retirar para lugares  solitários a fim de orar. Seguindo o exemplo de Jesus, porque a oração é  extremamente importante, devemos nos dedicar à oração.
1 ? Devemos nos dedicar à oração ainda que nos achemos bem espiritualmente
É estranhamente interessante, mas algumas pessoas param de buscar Deus  em oração por se acharem muito bem espiritualmente. Pensam que, por já  terem uma longa caminhada com Deus, por já serem crentes há bastante  tempo, por já terem obtido várias respostas de oração, por já  desenvolverem um ministério tão bem sucedido, por possuírem o  reconhecimento de vários outros cristãos, pensam que não precisam mais  dedicar tanto tempo para a oração a sós com Deus. Imaginam que a sua  longa e constante caminhada com Deus dispensam-nos da vida de oração.  Imaginam que não precisam separar um período de oração diária, pois  pensam que a sua vida, as suas atividades e o seu trabalho em favor do  Reino dos céus já são uma oração à Deus.
Contudo, Jesus não pensava como pensam essas pessoas. Apesar de ser o  filho de Deus, completamente sem pecado, totalmente perfeito, dedicado  ao ministério e cheio do Espírito Santo, Jesus separava um período no  seu dia para se dedicar à oração. Ele não considerava que o  desenvolvimento do seu ministério o dispensava de orar diariamente. Ele  não pensava que o sucesso do seu ministério o liberava de se dedicar à  oração a sós com Deus. Ele não achava que o exercício do seu ministério  já era uma oração a Deus. Pelo contrário, Jesus, apesar de todas as suas  qualificações ?retirava-se para lugares solitários, e orava? (Lc 5.16).
Tal atitude de Jesus tem muito a nos ensinar. Pois Ele nos mostra que  devemos nos dedicar à oração ainda que nos achemos bem espiritualmente.  Não importa se estejamos nos sentindo fortes espiritualmente, nem se  pessoas estão sendo curadas através de nossas vidas e nem se o nosso  nome está se tornando conhecido das pessoas e dos demônios. Precisamos  nos dedicar à oração diariamente. Devemos separar períodos no nosso dia  para entrarmos em uma comunhão íntima com Deus. Nós precisamos orar  porque disso depende a nossa comunhão e relacionamento com o Pai.
2 ? Devemos nos dedicar à oração ainda que as atividades sejam muitas
A maior parte das pessoas justifica a sua não-vida de oração, dizendo  que não tem tempo. São homens e mulheres que afirmam estarem ocupados  demais para orar. Dizem que precisam acordar muito cedo e deitar muito  tarde; e que por causa das tantas atividades não possuem tempo para se  dedicarem à oração.
Jesus também era uma pessoa extremamente ocupada. Constantemente, as  pessoas vinham procurá-lo, desejando receber uma palavra de  aconselhamento, o esclarecimento de uma dúvida, o ensinamento acerca do  Reino de Deus ou uma ministração de cura. As pessoas não se perguntavam  sobre a disponibilidade de Jesus. Elas não estavam preocupadas se Jesus  precisava comer, dormir ou descansar. Elas queriam, simplesmente, obter a  satisfação dos seus anseios. Jesus era tão requisitado que houve  ocasiões em que Ele não conseguia nem mesmo comer, porque as pessoas iam  e vinham para ouvi-lo e tocá-lo (Mc 3.20). Jesus era uma pessoa  extremamente ocupada. Contudo, apesar disso, ele sempre encontrava tempo  para se dedicar à oração.
A Bíblia diz que apesar das multidões virem para ouvi-lo e para serem  curadas, ?Jesus se retirava para lugares solitários e orava? (Lc 5.16).  Apesar das muitas atividades e pressões, Jesus não deixava de encontrar  tempo para se dedicar à oração. Apesar das pessoas o procurarem por  causa de necessidades legítimas ? cura de enfermidades, por exemplo ?  Jesus se afastava das pessoas e buscava se dedicar à oração.
Jesus não se deixava levar pelas pressões das pessoas e nem do seu  ministério. Ele entendia que mais importante que as pessoas e o  ministério era o seu relacionamento com o Pai. Por isso, ele tinha toda a  liberdade de se afastar das pessoas e do seu serviço ministerial para  dedicar-se à oração. O seu tempo de oração era o seu tempo de  relacionamento pessoal com o Pai. O seu tempo de oração era o seu tempo  de encontro e de comunhão com o Pai.
Por isso, você também, por causa do seu relacionamento com Deus, precisa  separar algum período do seu dia para se dedicar à oração. Ainda que  sejam muitas as suas atividades; ainda que você acorde cedo e vá se  deitar tarde; ainda que você tenha várias horas do seu dia ocupadas com o  seu estudo e trabalho; ainda que aos seus olhos não exista tempo para  se voltar para Deus em oração; você precisa se esforçar para separar um  período do seu dia para a oração. Além disso, essas muitas atividades e  pressões são mais um motivo a mais por causa do qual você precisa parar  para se dedicar à oração. Na verdade, você está ocupado demais para  deixar de orar!
Dessa maneira, se Jesus, apesar de ser tão atarefado, encontrava tempo  para se dedicar à oração, porque você não pode encontrar um período no  seu dia para se dedicar à oração? Nós devemos nos dedicar à oração ainda  que as atividades sejam muitas. Jesus mostrou a importância da oração,  mostrando que ele não abria mão de orar, ainda que as atividades, as  pressões e as tarefas fossem muitas.
Conclusão
O Senhor Jesus, durante todo o seu ministério, mostrou a importância da  vida de oração. Ele não somente orava, mas também incentivava as pessoas  a se dedicarem à oração. O exemplo de Jesus foi seguido pelos  apóstolos, pelos primeiros cristãos e por muitos crentes durante toda a  história da igreja.
Quanto você ouvir o relato de grandes milagres, maravilhosas e  constantes manifestações do poder de Deus, curas tremendas, conversões  em massa, cidades transformadas, você pode ter a certeza de que, por  detrás de todos esses acontecimentos, existe um crente, ou um grupo de  crentes que está se dedicando à oração. Deus decidiu agir, em muitas  ocasiões, através da oração dos crentes.
Lembre-se do apóstolo Paulo e da grandeza do seu ministério. Lembre-se  de Martinho Lutero e do impacto da sua vida em todo o mundo. Lembre-se  de João Wesley e do avivamento que varreu a Europa e os Estados Unidos.  Lembre-se de Smith Wigglesworth e das milhares de pessoas que foram  curadas. E lembre-se de que, por detrás de todas essas pessoas, existe  uma vida de oração. A igreja pode transformar o mundo; você pode  transformar o mundo. O caminho? Uma vida de oração.
Você está em: Home »Unlabelled » A importância da oração
